Em minha última olhada, encontrei um texto sobre Augusto dos Anjos, o mais mórbido dos poetas brasileiros. Ali estava, também, o poema Versos íntimos, do qual destaco sua primeira estrofe:
Mas o que é uma quimera?
Em princípio, essa palavra remonta à mitologia grega, referindo-se a um animal fantástico lançador de fogo, proveniente das montanhas da Lícia, na Ásia Menor. Sua característica marcante é o fato de seu corpo ser uma composição de partes de diferentes animais: um corpo de leão com a cauda terminando em cabeça de serpente, de cujas costas saía uma cabeça de bode.
Quimera de Arezzo. |
A partir daí, a palavra passou a ser usada para indicar quaisquer misturas: de ideias, de palavras, de estruturas.
Na arquitetura, por exemplo, o termo refere-se a uma escultura decorativa adicionada a edifícios, usualmente chamada de gárgula.
Uma gárgula. |
Na Biologia, o termo pode referir-se a:
- organismo animal com células geneticamente distintas, oriundas de zigotos diferentes (Genética);
- organismo vegetal com células geneticamente distintas, normalmente provenientes de um único zigoto, mas que sofreram mutações (Botânica);
- um vírus que contém material genético proveniente de um outro organismo (Virologia);
- uma proteína produzida a partir de genes que se fundiram (Biologia Molecular);
- um fóssil construído com partes de diferentes animais (Paleontologia).
Para encerrar, não posso deixar de referir-me à Zoologia. Chama-se quimera um peixe cartilaginoso da ordem Chimaeriformes, relacionado ao tubarão, cujo corpo parece, de fato, uma composição de diferentes animais.
Chimaera. |