Press release do CERN, traduzido pelo prof. Bira.
Genebra, 17 de novembro de 2010. O experimento ALPHA do CERN deu um importante passo na direção do desenvolvimento de técnicas para compreender uma das questões abertas do Universo: há diferenças entre matéria e antimatéria? Em um relatório publicado hoje na revista Nature, o grupo mostra que conseguiu com sucesso produzir e aprisionar átomos de anti-hidrogênio. Este desenvolvimento abre caminho para o desenvolvimento de novas formas para fazer medições detalhadas do anti-hidrogênio, que permitirão aos cientistas comparar matéria e antimatéria.
Visão geral do experimento ALPHA. (Fonte: CERN.) |
Um desse métodos é pegar um dos sistemas mais bem conhecidos em Física, o átomo de hidrogênio, que é feito de um próton e um elétron, e verificar se sua antimatéria análoga, o anti-hidrogênio, consistindo de um antipróton e um pósitron (antielétron), comporta-se da mesma maneira. E o CERN é o único laboratório no mundo com instalações dedicadas ao trabalho com antiprótons de baixa energia onde tal pesquisa pode ser realizada.
Átomos de anti-hidrogênio não aprisionados aniquilando na superfície interna da armadilha ALPHA. (Fonte: CERN.) |
Átomos de anti-hidrogênio são produzidos em vácuo no CERN mas, mesmo assim, esse vácuo é cercado por matéria normal. Pelo fato de matéria e antimatéria se aniquilarem quando se encontram, os átomos de anti-hidrogênio têm uma expectativa de vida muito curta. Isso pode ser estendido, entretanto, através do uso de campos magnéticos muito intensos e complexos para aprisioná-los e, assim, prevenir que entrem em contato com a matéria. O experimento ALPHA demonstrou que é possível segurar átomos de anti-hidrogênio dessa maneira por cerca de um décimo de segundo, tempo de sobra para estudá-los. Dos muitos milhares de antiátomos criados pelo experimento, o último relatório do ALPHA relata que 38 foram aprisionados por tempo suficiente para estudá-los.
Jeffrey Hangst, porta-voz do ALPHA. (Fonte: CERN.) |
Em outro desenvolvimento recente do programa de antimatéria do CERN, o experimento ASACUSA demonstrou uma nova técnica para a produção de átomos de anti-hidrogênio. Em um relatório que será publicado em breve nas Physical Review Letters, a colaboração relata sucesso na produção de anti-hidrogênio na chamada armadilha Cusp, um precursor essencial para a produção de um feixe. O ASACUSA planeja desenvolver esta técnica até o ponto em que feixes de intensidade suficiente sobreviverão por tempo suficiente para estudá-los.
“Com dois métodos alternativos para a produção e eventual estudo do anti-hidrogênio, a antimatéria não será capaz de esconder-nos suas propriedades por muito mais tempo”, disse Yasunori Yamazaki, do centro de pesquisas RIKEN do Japão, e membro da colaboração ASACUSA. “Ainda há um caminho a percorrer, mas estamos muito contentes de ver quão bem esta técnica funciona”.
“Estes são passos significativos na pesquisa da antimatéria”, afirmou o Diretor Geral do CERN, Rolf Heuer, “e é uma parte importante do vasto programa de pesquisas do CERN”.
Disponível em http://press.web.cern.ch/press/PressReleases/Releases2010/PR22.10E.html. Acessado em 17/11/2010.
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